Organização familiar e oficina de pais e filhos são estudadas no ‘Curso de aperfeiçoamento em mediação familiar’

 Exposição foi ministrada por Vanessa Aufiero.

 

A aula do último dia 9 do Curso de aperfeiçoamento em mediação familiar da EPM foi dedicada à análise da organização familiar e do procedimento da oficina de filhos. A palestra foi proferida pela juíza Vanessa Aufiero da Rocha e contou com a participação do juiz Ricardo Pereira Júnior, coordenador do curso.

 

Vanessa Aufiero apresentou as principais definições de família, entre elas a trazida pela Lei Maria da Penha (Lei 11.340/06) em seu artigo 5º, inciso II, que a define como “a comunidade formada por indivíduos que são ou se consideram aparentados, unidos por laços naturais, por afinidade ou por vontade expressa”. Ela explicitou os princípios constitucionais que amparam a família: dignidade da pessoa humana, liberdade, igualdade dos gêneros e respeito à diferença, solidariedade familiar, proteção integral a crianças, adolescentes, jovens e idosos, proibição de retrocesso social, afetividade, autonomia e menor intervenção estatal e pluralismo das entidades familiares.

 

A palestrante explicou as diversas formas de composição das famílias e discorreu sobre os desafios e conflitos que surgem em cada um dos estágios previsíveis do ciclo de vida familiar: adultos jovens independentes, casamento, nascimento do primeiro filho, família com filhos pequenos, família com filhos adolescentes, “ninho vazio” (saída dos filhos, família no estágio tardio da vida) e velhice. Ela discorreu também sobre as crises imprevisíveis como o divórcio, doença e morte de entes queridos, mudança de domicílio, desemprego, incapacidades físicas e psicológicas, mudanças de hábito e estilo de vida.

 

Vanessa Aufiero observou que o divórcio é cada vez mais comum, pois os laços humanos estão cada vez mais frágeis, mas continua sendo muito difícil não só para quem se divorcia como para os filhos. “Durante muitos anos sustentou-se o paradigma do trauma. Acreditava-se que todo filho de pai divorciado desenvolvia algum trauma ao longo de sua vida. Depois de muitos estudos, percebeu-se que nem todo filho de pai divorciado desenvolvia traumas e que isto estava muito mais relacionado à forma como os pais conduzem essa separação”, salientou. E elucidou que o que mais causa traumas não é o divórcio em si, mas as dificuldades financeiras, os conflitos intensos entre os genitores e a redução drástica do convívio do filho com um dos genitores. “Havendo relacionamento qualitativo do filho com os genitores e relacionamento qualitativo entre os genitores, os filhos podem ser resilientes a essa separação”, asseverou.

 

A expositora ponderou que, por mais que amem os seus filhos, muitos pais agem de forma a tornar os filhos reféns do seu conflito, consciente ou inconscientemente. Explicou que isso acontece porque os pais, em geral, não separam a relação conjugal da relação filial. Ela esclareceu que na oficina de pais e filhos são explicadas as etapas psicológicas do divórcio e é mostrado aos pais como o seu comportamento pode afetar intensamente a estabilidade emocional dos filhos. Na sequência, são ensinadas as ferramentas necessárias para que ocorra a mudança de paradigma do trauma para a resiliência dos filhos, ou seja, para que os pais passem a atuar de forma colaborativa para o desenvolvimento sadio do filho. E enfatizou que na oficina é ensinado que “o divórcio não extingue a família, a reorganiza”.

 

Vanessa Aufiero esclareceu que a participação na oficina de pais e filhos pode ser feita na modalidade a distância nas comarcas em que não há oficinas presenciais.

 

RF (texto) MA (fotos)


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