Relações interdisciplinares e sociais da jurisdição são discutidas no Curso de Formação Inicial

Curso de Formação Inicial promovido pela EPM para os juízes substitutos do 185º Concurso de Ingresso teve continuidade nos dias 23 e 24, com exposições sobre aspectos multidisciplinares, psicossociais e sociais da jurisdição e com um diálogo com os coordenadores do curso.

 

No dia 23, a juíza Vanessa Aufiero da Rocha falou sobre os métodos e ferramentas auxiliares da atividade jurisdicional. Ela defendeu a necessidade de aprimoramento da sensibilidade além da técnica jurídica para a solução adequada de conflitos na área da Família. Nesse sentido, relatou sua contribuição no processo de criação da “Oficina de Parentalidade”, iniciativa adotada e instituída pelo Conselho Nacional de Justiça (CNJ) como método alternativo de solução de conflitos, inclusive em versão on line, disponibilizada em seu portal. A Oficina tem como objetivo auxiliar famílias que enfrentam litígios relacionados à ruptura do vínculo conjugal decorrentes de divórcio, dissolução da união estável, guarda, regulamentação de visitas, etc.

 

Vanessa Aufiero também comentou o processo de criação e a inauguração da “Casa de Família”, em Santos, instituição do TJSP que reúne os parceiros integrantes de uma rede de apoiadores, como o Centro de Referência de Apoio à Vítima (Cravi) e o Centro Judiciário de Solução de Conflitos e Cidadania (Cejusc).

 

Ainda na manhã do dia 23, o juiz Iberê de Castro Dias falou sobre as práticas jurisdicionais na área da Infância e Juventude e do projeto “Sua que é sua”, consistente na pratica esportiva de corrida de rua nas manhãs de domingo, cujo objetivo é afastar os jovens da zona de risco do tráfico e do crime, e também a ressocialização de egressos do sistema de reclusão.

 

No período da tarde, foram abordados aspectos psicossociais da judicatura, com a participação das psicólogas judiciárias Maria Cristina Mathias e Maria Teresa Rebello, e das assistentes sociais Ana Atuko Okabayashi Mautari e Silvia Maria Crevatin. As atividades foram mediadas pela juíza Ana Rita de Figueiredo Nery, integrante da coordenação do curso.

 

O juiz e a sociedade

 

Na manhã do dia 24, o juiz Alexandre Dartanhan de Mello Guerra, coordenador do Núcleo Regional da EPM em Sorocaba, discorreu sobre a experiência profissional na judicatura e as relações entre o juiz e a sociedade. Ele discutiu as concepções de entidades como sociedade e jurisdição, a essência do cargo de juiz e as expectativas de sua conduta, o papel dos princípios e valores na ciência do Direito contemporâneo, os meios e a forma de bem dizer o Direito na contemporaneidade e os requisitos de uma prestação jurisdicional adequada.

 

Ele declarou em sua preleção que o ato de julgar é sempre difícil, e que continuará sendo difícil ao longo da carreira. “E é bom que continue sendo difícil, um ato de responsabilidade, de compromisso, e não se torne algo repetitivo e burocrático”. Também alertou para o excesso de trabalho na profissão, mas advertiu que o juiz não pode, sob o pálio do excesso de trabalho, deixar de fazer um trabalho de qualidade.

 

“O compromisso ético maior que o juiz estabelece é com as partes, porque elas esperam que ele queira verdadeiramente acertar para a solução do problema”, sustentou Alexandre Guerra. Nesta perspectiva, ressaltou a disposição voluntária dos juízes formadores para auxiliar os juízes substitutos no início da carreira.

 

Em prosseguimento, o advogado e professor Oreste Nestor de Souza Laspro falou sobre os princípios e as técnicas para um bom relacionamento institucional entre advogados e magistrados. As exposições tiveram a participação do juiz Luís Felipe Ferrari Bedendi, integrante da coordenação do curso.

 

Encontro com a coordenação

 

No dia 24, os magistrados reuniram-se com os juízes integrantes da coordenação do curso André Carvalho e Silva de Almeida, Hamid Charaf Bdine Júnior (coordenador), Luís Felipe Ferrari Bedendi, Marcos Pimentel Tamassia e Márcio Teixeira Laranjo.

 

Hamid Bdine falou sobre o desenvolvimento das atividades. Em sua avaliação, os juízes coordenadores e os monitores conseguiram trabalhar de maneira integrada, logrando um bom nível de entendimento entre seus integrantes.

 

“Tivemos uma grande satisfação ao ouvir de vocês uma referência elogiosa. A partir de agora, vocês serão considerados responsáveis pela excelente impressão que causaram, pelo comprometimento que demonstram com a magistratura”, declarou o coordenador. Sob esse aspecto, ele ressaltou o voluntarismo de alguns magistrados ao participar de atividades além daquelas exigidas, e pelo trabalho cooperado de sentenciamento monitorado, “em que ajudaram uns aos outros nas situações mais complexas, um mérito a ser sempre lembrado por aqueles que entraram ajudando a magistratura, aos quais agradeço, em consideração ao respeito que a tarefa que desempenhamos encontrou em vocês”.

 

André Carvalho lembrou a acentuação das práticas jurisdicionais no Curso de Formação Inicial da EPM, “tanto do manejo do processo como do tratamento com funcionários, coordenação de cartório e atendimento das partes, que são os aspectos mais difíceis no início da carreira”.

 

Representando na oportunidade o corregedor-geral da Justiça, ele transmitiu aos participantes a mensagem de agradecimento do desembargador Manoel de Queiroz Pereira Calças pela dedicação às atividades do curso, principalmente pela execução da tarefa de sentenciamento de cerca de 3 mil processos, prestada aos colegas com acúmulo de serviço.

 

De acordo com André Carvalho, o corregedor externou a preocupação com a importância da dedicação à carreira por meio destas palavras: “entendam que o cargo de juiz é algo mais que um mero emprego; é uma missão que vocês têm que cumprir com amor, dedicação e compromisso com a magistratura, porque é isso que o Tribunal e a Corregedoria esperam de vocês”.

 

ES (texto e fotos)


O Tribunal de Justiça de São Paulo utiliza cookies, armazenados apenas em caráter temporário, a fim de obter estatísticas para aprimorar a experiência do usuário. A navegação no portal implica concordância com esse procedimento, em linha com a Política de Privacidade e Proteção de Dados Pessoais do TJSP